A Caatinga

Por Administrador em 26 agosto 2016 em Mídias, Opinião

Bioma único, brasileiro. Expressão dos elementos da natureza em uma vasta porção do nosso território nordestino. Caatinga, mata branca, nome de batismo dado pelo povo tupi. Povo que via a transição de um tempo de chuva, de paisagens enverdecidas, para os longos meses de estio, com árvores desnudas, troncos esbranquiçados, expressão plena de adaptação as poucas chuvas que logo se vão com o sol escaldante.
Tamanha diversidade, desvelada aos poucos para os que por ela se encantam, lhe fez plural – As Caatingas –, lugares de muitas ecologias, gentes e histórias. Lugares traçados por muitos pontos, rendas, tramas; inscritos a ferro e fogo em suas múltiplas paisagens.

Caatingas que se confundem com agrestes e sertões, e são percebidas e mostradas em suas diferentes nuances de cores no livro Os Sertões, de Euclides da Cunha; Grandes Sertões: Veredas e Campo Geral, de Guimarães Rosas e, O Rei Degolado nas Caatingas do Setão ao Sol da Onça Caetana, de Ariano Suassuna.
Caatingas onde as penúrias de tempos de seca também se mostram em prosa e verso, nas obras literárias mais conhecidas, como O Quinze, de Raquel de Queiroz, Vidas Secas, de Graciliano Ramos, mas tão viva, forte e permanente na poesia popular, em tantos cordéis que debulham os segredos dessas terras.
Diversas e dinâmicas são essas ricas Caatingas. Lugares de homens e mulheres que insistem em lhes dar voz, em desconstruir imagens de feiura, pobreza e desencanto, cravadas no imaginário brasileiro. Trazem um olhar diferente, um fazer diferente que rende outros frutos, mais fortes, plantados com cuidado, cujas raízes são resistentes e profundas. Homens e mulheres que mostram as muitas formas, cores, sabores, cheiros, texturas e tessituras de seus lugares; e tudo isso vibra, pulsa, transborda mesmo que a chuva não chegue, mesmo que seja difícil, porque o difícil é belo também.
Edneida Cavalcanti